Trabalho infantil é o principal motivo que leva à evasão escolar

Sonia Dias – gerente de Desenvolvimento e Soluções do Itaú Social

Dia Contra o Trabalho Infantil Necessidade de trabalhar é a maior causa para evasão escolar, segundo PNAD
“O desafio da evasão escolar precisa ser encarado ainda nos Anos Finais do Ensino Fundamental, período que mostra altas taxas de abandono“, diz Sônia Diasgerente de Desenvolvimento e Soluções do Itaú Social e doutora em Educação
Nesta quarta-feira (12) é celebrado o Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, data que mobiliza a população para a proteção da criança e adolescente. Segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), a necessidade de trabalhar é o principal fator que leva o estudante a sair da escola, com 41,7% das respostas. A falta de interesse é o segundo maior empecilho, registrando 23,5%, e a gravidez é o terceiro, com 9,7%. 
“O programa Pé-de-Meia, do MEC (Ministério da Educação), incentivo financeiro para estudantes do Ensino Médio, pode ser encarado como uma das soluções para frear a evasão escolar. Porém, também é preciso olhar com atenção para as altas taxas de desistência ainda nos Anos Finais do Ensino Fundamental (do 6º ao 9º ano) e oferecer soluções para garantir a permanência deste estudante que está na fase de transição da infância à adolescência”, analisa Sônia Dias, gerente de Desenvolvimento e Soluções do Itaú Social e doutora em Educação pela USP (Universidade de São Paulo).
A pesquisa chama atenção para a desistência precoce, na idade dos Anos Finais do Ensino Fundamental, com uma taxa de 6,2% até os 13 anos e 6,6% aos 14 anos. Além disso, revela que nove milhões de jovens, entre 14 e 29 anos, não completaram o Ensino Médio, seja por terem abandonado a escola antes da conclusão ou por nunca terem frequentado. O maior índice de evasão ocorre a partir dos 16 anos, entre 16% e 21,1%.
 

Sonia Dias – gerente de Desenvolvimento e Soluções do Itaú SocialGraduada em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUCSP e em Psicologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Mestre em comunicação e semiótica pela PUCSP, e doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – USP. É especialista em políticas de educação pela Universidade de Vanderbilt (Estados Unidos). Tem trabalhado com programas de formação de professores e gestores educacionais desde 2001 e atua no Itaú Social desde 2015.
Conheça mais dados sobre o tema:A trajetória regular entre estudantes negros (pretos + pardos) é aproximadamente 20 pontos percentuais menor do que entre os brancos. Em relação aos indígenas, esse número está em torno de 40 pontos percentuais;*fonteA permanência escolar importa: Indicador de Trajetórias Educacionais
Os dados mostram que estudantes brancos possuem regularidade de 62%; pardos, 46%; pretos, 41%; e indígenas, 23%;*fonteA permanência escolar importa: Indicador de Trajetórias Educacionais
Apenas 52% dos estudantes brasileiros nascidos entre 2000 e 2005, que se encontram atualmente na faixa de 19 a 24 anos, conseguiram concluir o Ensino Fundamental na idade certa;*fonteA permanência escolar importa: Indicador de Trajetórias Educacionais
Apenas 38% dos estudantes matriculados em escolas mais vulneráveis conseguiram iniciar e finalizar o Ensino Fundamental na idade correta;*fonteA permanência escolar importa: Indicador de Trajetórias Educacionais
Apenas 22% dos estudantes com deficiência têm trajetória regular contra 53% dos sem deficiência, entre 2011 e 2019;*fonteA permanência escolar importa: Indicador de Trajetórias Educacionais
Cerca de 58% das meninas têm trajetórias de nove anos regulares, contra 46% entre os meninos;*fonteA permanência escolar importa: Indicador de Trajetórias Educacionais
Cerca de 8,9 milhões de crianças e adolescentes podem abandonar os estudos em troca de uma renda;*fonte: Relatório do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e OIT (Organização Internacional do Trabalho)
A crise sanitária, aliada aos episódios de racismo no ambiente escolar, fizeram com que estudantes negros trocassem a escola pelo trabalho;*fonte: artigo “O ensino médio na Amazônia “negra”
Na região Norte do país, que têm baixos índices de desenvolvimento humano, a inserção precoce no mercado de trabalho para estudantes negros se tornou comum;*fonte: artigo “O ensino médio na Amazônia “negra”
No Brasil, havia 1,9 milhão de crianças e adolescentes entre 5 a 17 anos em situação de trabalho infantil no país em 2022. Isso representa 4,9% da população nessa faixa etária;*fonte: PNAD Contínua 2022
Neste período, 756 mil crianças e adolescentes exerciam atividades da Lista TIP, que considera as formas de trabalho infantil que mais causam prejuízos ao desenvolvimento infantil.

*fonte: PNAD Contínua 2022
Elaine Alves /Lucas Abreu Antônio / Ana Claudia Bellintane

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