Psicóloga da Afya Vitória da Conquista alerta sobre a síndrome já considerada comum por profissionais da saúde mental
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Entre luzes coloridas, vitrines decoradas e a expectativa pela contagem regressiva, um fenômeno silencioso cresce justamente onde se espera alegria coletiva: a síndrome do final de ano, um conjunto de sentimentos que mistura nostalgia, frustração, ansiedade e até sintomas depressivos temporários. Em Vitória da Conquista, onde a praça da Matriz se transforma em ponto de encontro para milhares de moradores, profissionais da saúde mental alertam: a festa é coletiva, as emoções são individuais, mas nem sempre leves.
Nesse sentido, Vitória da Conquista acende um alerta por possuir 370 mil habitantes, sendo 14% idosos e mais de 23%, jovens entre 15 e 29 anos, dois grupos sensíveis a quadros de ansiedade e tristeza sazonal, o que se comprova através do Plano Municipal de Saúde (2022-2025), que registra crescimento nos atendimentos de saúde mental nos últimos anos, na cidade e nessas faixas etárias, principalmente entre dezembro e janeiro, conforme dados dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
Para Elaine Cristina Prates, psicóloga e psicopedagoga do Núcleo de Experiência Docente (NED) da Afya de Vitória da Conquista, maior grupo de educação e soluções médicas do Brasil, e que na Bahia está presente também em Salvador, Itabuna e Guanambi, “Esse período costuma carregar uma forte cobrança que é a ideia de que devemos estar felizes, unidos, realizados e em harmonia. Quando a experiência real da pessoa não corresponde a esse ideal seja por conflitos familiares, perdas, dificuldades financeiras ou sensação de não ter cumprido metas surge um sentimento de inadequação que pode intensificar quadros de sofrimento emocional gerando crises existenciais. Além disso, as reuniões familiares podem reativar dores antigas, tensões não resolvidas e comparações constantes, aumentando a pressão emocional.
Outro fator importante é a sobrecarga de compromissos, o cansaço acumulado do ano e a superexposição a narrativas de felicidade nas redes sociais que também contribuem para sentimentos de solidão e desamparo. “Em muitos casos, o fim de ano funciona como um desencadeador que amplifica o que foi difícil ao longo dos meses. Para quem está vulnerável, pode ser o gatilho para o início de um sofrimento emocional mais intenso”, conclui a especialista.
